No Brasil do século XIX, as disputas políticas envolviam, basicamente, liberais e conservadores que, no período regencial, organizaram-se no Partido Progressista e no Partido Regressista, respectivamente — a partir do Segundo Reinado, adotaram os nomes de Partido Liberal e Partido Conservador. Em geral, os liberais, ou luzias, eram profissionais liberais e agricultores voltados ao mercado interno, e os conservadores, ou saquaremas, pertenciam à burocracia estatal e estavam ligados ao comércio e à produção agroexportadora. Enquanto os liberais defendiam mais autonomia para chefes locais, os conservadores apoiavam a centralização do poder. Apesar das divergências, os dois grupos julgavam ser importante a preservação da ordem social e representavam os interesses da elite escravista e proprietária de terras.
A ascensão de D. Pedro II ao trono representou a retomada do controle político por parte da monarquia. Por meio do Poder Moderador, o rei interferia no jogo do poder entre os dois principais partidos, impedindo que algum deles se impusesse. Cooptando chefes políticos, distribuindo cargos e títulos de nobreza (como os de barão, conde, duque) e intervindo diretamente na composição dos ministérios e do Senado, D. Pedro II assegurava a estabilidade política necessária para a preservação dos privilégios das elites nacionais e a manutenção da unidade política e territorial do Brasil.
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A agitação política que caracterizou o período regencial prosseguiu nos primeiros anos do reinado de D. Pedro II. O Partido Liberal ganhou um gabinete, com seus representantes, em retribuição por seu apoio na questão da maioridade, e saiu vitorioso no pleito para a Câmara dos Deputados, em 1840. Contudo, os liberais foram acusados de fraude e coação, e as eleições ficaram conhecidas como “eleições do cacete”. Diante das denúncias e da pressão dos conservadores, no ano seguinte, D. Pedro II destituiu o gabinete de maioria liberal e o substituiu por outro, de perfil conservador.
Em 1842, atendendo às exigências do novo gabinete, o monarca anulou as eleições para o Legislativo, provocando a reação dos liberais. Nas províncias de Minas e São Paulo, eclodiram revoltas contra a centralização do poder. A sublevação teve início na cidade de Sorocaba, em São Paulo, motivada pela substituição do Presidente da Província, Coronel Rafael Tobias de Aguiar, por José da Costa Carvalho, o Barão de Monte Alegre. A revolta em Minas eclodiu alguns meses depois, liderada por Teófilo Ottoni e com adesão da Guarda Nacional. Os dois focos foram sufocados pelas tropas imperiais, mas seus líderes acabaram anistiados em 1844. O oficial responsável por debelar os movimentos liberais já havia liderado a repressão à Balaiada: o Barão de Caxias. Anos mais tarde, ele desempenharia papel central na Guerra do Paraguai.
Enquanto o crescimento da economia cafeeira beneficiava as províncias do Sudeste, Pernambuco sofria com a diminuição das exportações de açúcar e de algodão. Ao mesmo tempo, a população via o custo de vida aumentar em razão dos privilégios concedidos aos comerciantes portugueses, que monopolizavam a venda de víveres e outros produtos na região. Por essa razão, manifestações de rua com agressões a portugueses e estrangeiros, assim como saques a armazéns, passaram a ser comuns em Recife. Na esfera política, o poder concentrava-se nas mãos de poucas famílias, que defendiam seus interesses e davam as costas aos demais habitantes da província.
Para reagir a essa situação, um grupo de liberais radicais, organizado em torno do jornal Diário Novo, fundou em 1842 o Partido da Praia — os liberais eram chamados de “praieiros” em referência à Rua da Praia, no Recife, onde se situava a sede do jornal. Em 1848, após D. Pedro II nomear para presidente da província um conservador, os praieiros reagiram contra o poder central. Armados, tomaram Olinda e se espalharam para outras regiões de Pernambuco, recebendo a adesão da população mais pobre. Os revolucionários defendiam a substituição da monarquia pela república, o fim dos privilégios comerciais dos portugueses, a liberdade de imprensa e o voto universal. Mais uma vez, porém, o poder central enviou tropas para combater os sublevados, que foram derrotados no ano seguinte.
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Obviamente o Cândido Faria utilizou a ilustração anterior para retratar agora que o D. Pedro II agora moderava a preservação do regime monárquico e e aqueles que desejavam implantar a República. No centro observa-se também o indicativo de uso de armas, tendo em vista as revoluções já citadas ( Revolução dos Liberais, 1842 e Revolução Praieira, 1848) e as que estavam por vir.
A partir dos anos 1850, a Monarquia perdeu gradualmente o apoio político. A economia mundial se transformava, a cafeicultura era sucedida pela urbanização e pela industrialização, a Guerra do Paraguai provocava mudanças no Exército e na sociedade, novos grupos sociais se formavam e tinham interesses divergentes das elites agrárias. Na década de 1880, só o Brasil em toda a América ainda era escravocrata e monarquista — na época, ganhou até o apelido de “flor
exótica do continente”. A manutenção do regime monárquico já não interessava às novas elites que se projetavam no cenário político-econômico nacional.
Ideias e projetos republicanos circulavam pelo Brasil há muitos anos, desde o fim do período colonial. Estiveram nos planos dos líderes da Inconfidência Mineira, da Conjuração Baiana, da Confederação do Equador, entre outros movimentos rebeldes que eclodiram no Brasil entre o fim do século XVIII e a primeira metade do século seguinte.
No entanto, foi somente na segunda metade do século XIX que a ideia de fundar uma República no Brasil começou a ganhar corpo e angariar mais adeptos, inclusive nas províncias de Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 1870, ano em que terminava a Guerra do Paraguai, políticos liberais identificados com a luta abolicionista começaram a organizar um movimento em defesa da substituição do regime monárquico pelo republicano. Sob a liderança de nomes como Quintino Bocaiúva e Silva Jardim, esses liberais fundaram no Rio de Janeiro o jornal A República, onde publicaram o Manifesto Republicano, defendendo, entre outras coisas, maior autonomia para as províncias, o fim dos cargos vitalícios no Senado e o Estado laico. A partir de então, diversos clubes republicanos se espalharam pelo país, especialmente pela região Sudeste. Em 1873, era fundado o Partido Republicano Paulista, na cidade de Itu, próspera região de produção cafeeira.
Os últimos anos da década de 1880 evidenciaram a incapacidade de da Monarquia dialogar com os novos agentes sociais que emergiam no cenário político brasileiro e buscavam meios de ver atendidas suas demandas. As elites agrárias ligadas à cafeicultura pressionavam por mais autonomia para as províncias, para que pudessem interagir de maneira independente com o mercado internacional. Os militares, por sua vez, ao lado das camadas médias urbanas, com quem se identificavam, ansiavam por maior protagonismo político. Enquanto isso, as antigas bases de apoio do governo derretiam: com a difusão do Positivismo, crescia o secularismo, reduzindo a influência da Igreja. Os grandes proprietários do Nordeste, irritados com a assinatura da Lei Áurea, retiraram seu apoio à Monarquia, e muitos passaram a integrar as fileiras republicanas. Além disso, uma crise econômica decorrente dos gastos com a Guerra do Paraguai fazia aprofundar a insatisfação de vários setores da sociedade.
Em 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, uma conspiração militar depôs o imperador D. Pedro II e proclamou a República. Enfraquecido politicamente, o imperador deposto foi incapaz de organizar qualquer reação. Ele e sua família, obrigados a deixarem o Brasil, partiram para Paris. D. Pedro II morreu no exílio dois anos depois.
PS.: Resumo produzido como atividade da disciplina História.
Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental, 8. Ano
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